quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Canção da chuva

Sentada sozinha a ouvir a chuva
Gotas batem contra a vidraça
Sem violência
Vai lavando a poeira do dia
Com suavidade
Vai levando embora os resíduos inúteis
Vontade de andar sob a chuva
Mas falta coragem
Está frio aqui
A chuva embala o sono
Embeleza a cidade
Deixa um ar de calma
Uma ilusão de tranquilidade
Enquanto chove lá fora
Aqui protegida pela vidraça
Estou sozinha
No meio da cidade adormecida
Embalando a esperança ao som das gotas
Que trazem uma melodia única
Tocando os ouvidos com doçura
A natureza acaricia em forma de chuva
As casas cansadas, o asfalto cansado, o cimento quente do sol
A chuva traz o alívio para os homens e mulheres quentes e cansados
Traz a calma e o conforto
Para as almas vagantes nesse universo de concreto
Aqui, enquanto ouço a chuva
Me reconecto
Sinto o abraço da vida
Em forma de gotas a escorrer pelo vidro.
Sinto o toque do divino
Não estou sozinha
Milhares de corações estão ligados nessa sintonia de amor
Milhares de criaturas estão agora ouvindo a voz da natureza
Cantar suavemente a canção das águas
Que sempre se movimentam e transformam
Chuva hoje, nuvem amanhã
Embalando os sonhos e os silêncios.

40 luas