terça-feira, 2 de julho de 2024

Espaço

 Queria me perder no espaço

Viajar entre planetas e estrelas

Flutuar entre asteroides e nebulosas

Quem sabe ser sugada por um buraco negro?

Já me sinto como um poço sem fundo

Uma imensidão de nada ocupada por pensamentos desconexos

Talvez a proximidade do sol possa derreter o gelo

E devolver os contornos aos meus dias e noites cinzentos.



segunda-feira, 1 de julho de 2024

Esperança

 

Esperança




 

Ouço um grito de puro desespero

Vem do fundo da minha alma cansada e sozinha

Vem das profundezas da dor e do medo

Cheio de solidão e sombras

Ouço como o rugido de um trovão

Ou o estrondo de um vulcão há muito adormecido que de repente volta à vida

Ouço o desespero do terror e em seguida

Um silêncio tumular

Como se aquele grito há tanto reprimido

De repente fizesse soar

Em um único sopro

Toda a energia acumulada

E após esse último alento

Não sobrasse mais nada

Silêncio. Branco. Vazio.

Não mais medo, dor ou desespero.

Não mais trevas ou solidão

Apenas o silêncio.

A esperança pode então voltar

A Paz pode então se insinuar

Os olhos se abrem

E a luz então

Pode voltar a brilhar.

 

terça-feira, 26 de março de 2024

40 luas









































 

Fuga

 


O cavalo galopava extremamente rápido pela trilha desconhecida. O suor escorria abundante sob o vestido marrom de tecido grosseiro. Era a melhor roupa que encontrara. Os galhos e ramos lhe arranhavam as faces e os braços enquanto seguia naquela fuga alucinada através da densa floresta. A qualquer momento alguém poderia ir atrás dela. Mas ela não se entregaria sem ao menos tentar escapar. Ouviu um barulho à frente mas não conseguia enxergar nada além dos ramos e folhas verdes e úmidos naquele início de noite. Incentivou o cavalo a correr mais e mais. Cada vez mais rápido. 

De repente sentiu um vento no rosto. No corpo todo. Como  se estivesse em campo aberto. Não teve tempo de pensar em nada. Agarrou-se ainda mais ao pescoço do cavalo. Sua cabeleira castanha se confundindo com a crina quase dourada do animal. Sentiu caindo muito rapidamente enquanto o barulho ensurdecedor da cachoeira abafava as batidas desenfreadas do seu coração. 

Um mergulho no  escuro e  nas águas de um lago profundo. Caíram ela e o cavalo nas profundezas escuras e o impacto na água gelada fez com que ela percebesse que estava viva. E livre. Seus perseguidores jamais imaginariam que ela conseguisse escapar através da floresta. Eles sabiam que a trilha levava à cachoeira e que nem ela nem o cavalo sabiam disso. Só o que não sabiam é que ela cavalgava muito bem e que instintivamente pressentira a queda, ajustando a posição do corpo sobre o cavalo para o mergulho mais ousado de sua vida.


Espaço

 Queria me perder no espaço Viajar entre planetas e estrelas Flutuar entre asteroides e nebulosas Quem sabe ser sugada por um buraco negro? ...